
Em 1972, em Nova York. Das paredes dos guetos e dos muros da periferia, as mensagens, letras a imagens, passaram a pegar carona nos trens dos metrôs, nos ônibus, e percorreram a cidade. Combatidos pela policia, e conduziu alguns de seus autores a cadeia, enquanto outros entram conduzidos a as mais importantes galerias, bienais e museus de arte, não só nos USA como no mundo todo. Essa rebelião consistia em dizer: ‘Eu existo, eu sou tal, eu habito esta ou aquela rua, eu vivo aqui e agora.
RAMOS, 1994
As cores chamam a atenção, depois de ver só cinza & pastel.
Formas, cores, dimensões que diferem diante do desafio (um muro, uma fachada, uma porta…). A barreira, o espaço visual público, não autorizado, reivindicado.
Os escritores de graffiti se apropriam da cidade para reivindicar a valorização do seu grupo dentro da comunidade. De pertencer à cidade. O resgate da cidade para o cidadão, é o encantamento que o grafiteiro tem da cidade. Seu verdadeiro ato artístico.
Muitos se sujeitam às penalidades, conscientemente ou por impulso, como forma de contestar o espaço, como resistência a um ideal que sempre busca sua higienização e marginalização, independente da complexidade do estilo feito.

O grafite, por ser uma manifestação visível em sua essência, pode chamar a atenção e despertar o desejo de envolvimento dos jovens. Se este jovem tem ainda habilidade para o desenho, esse interesse se intensifica. Caso este interesse seja compartilhado por colegas e amigos é mais fácil compreender seu engajamento.
MUNHOZ, 2003
O processo criativo é a jornada para estimular a criatividade do artista. Os estímulos podem vir de inspiração ou acaso, daquilo que vive e percebe em seu cotidiano.
A inspiração sendo o desejo de iniciar. Tem-se uma ideia, utiliza a imaginação e a criatividade para expressar aquilo que está sentindo.
Quando há algo inesperado que faz com que surja a criatividade, como imprevistos e improvisos, o acaso é o estimulador.

Writer diz que o mundo grita // range opa! // essa é a altura do esticar, esse é o som do alongamento // Pintamos, mas queremos derrubar // pixamos, mas na verdade queremos dizer // escalamos para não calar // dizer alto e no alto das coisas achar nosso volume // A terceira janela é pouco, é raso // subimos mais depois que pegamos o jeito do gato // Quero verticalizar o horizonte // e isso quer em mim numa utopia inconsciente // quero fazer as nucas encostarem às costas // essa é a tradução de “bater a testa”.
Bruno Pastore, 2012
A aproximação e distanciamento da tinta spray, da superfície, permite diferentes técnicas (através do esfumado ou uma mancha mais opaca). As tags, ou assinaturas, ganharam mais elementos: letras, personagens e cenário.
Os principais estilos, são:

Stencil: previamente pensado, utiliza diversos tipos de materiais (como: jornal, cartolina, papel pardo, entre outros), recorta a forma-simbolo, aplica a tinta spray pintando o seu interior. O famoso ativista político grafiteiro, Banksy, com sua sátira, é um dos responsáveis pela revolução do olhar da comunidade mundial para o apreço à arte de rua, através desse estilo.

Wild Style: Utilizando o spray, as letras se entrelaçam com as cores, os contornos e o jogo de luz e sombra. Dificilmente se compreende o que está escrito. Essa é a intenção, a complexidade dessa técnica. O abstrato.

Bomb e Throw Up: Também com o spray, a tag é feita com letras largas e grossas, poucas cores e quase/nunca possui efeitos. A atitude do artista é espalhar sua marca pelo maior número de lugares, então tem de ser rápida sua execução. No caso do bomb, carrega o estereótipo de arte não-autorizada, por se encontrar em lugares que não houveram consentimento para o uso..

3D: Com o spray, ao brincar com a profundidade e perspectiva das formas e cores, o graffiti atinge a terceira dimensão. Sai da superfície diretamente para o olhar de quem passa por ele.

Free Style: A mistura entre desenhos, cores, formas, palavras, personagens e cenários, com uma infinidade de materiais, como o latéx e o spray. Muito ligado a poesia e denúncia do cotidiano.
De quais artistas do graffiti consegue identificar nos estilos, aqui do DF?

A conquista de um público, antes inatingível pelas artes visuais, pelo ato de intervir no urbano obriga, também, o artista à adoção de uma postura pública de compromisso, requisitando rigor e estratégias de sensibilidade aguçada, pois as massas estão cada vez mais desatentas às sutis mensagens da arte, que se confundem ao imenso ruído visual provocado pela veloz invasão da publicidade.
Barja, 2008
O estilo adotado pelo escritor de graffiti, demonstra sua personalidade e atitude frente ao seu grupo. Ao longo dos anos, também se tornou a voz dos ideais que representa, enxergada e reconhecida pelas pessoas que habitam e perpassam no cotidiano.
A aceitação e valorização do graffiti como arte, pela sociedade e meios de comunicação, contribuiu para que várias instituições observassem a estética e técnica desse movimento artístico, propiciando o surgimento de espaços e galerias culturais de arte urbana cada vez mais especializadas em graffiti, elevando a qualidade e diversidade de artistas com suas visões de mundo e conversão de uma infinidade de técnicas com ferramentas.
Os infinitos modos do fazer graffiti, com suas infinitas possibilidades de futuros, através de infinitas vivências, juntas olhando para o você.
De realização do No Setor, apoio da Administração Regional do Plano Piloto e da Associação dos Lojistas da Galeria dos Estados e fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, A Feira possibilitou que o Hall Of Fame, da Galeria dos Estados (SCS), aproximasse as pessoas, que o tem em seu cotidiano, da arte que sensibiliza e questiona.
Aproximou de um futuro possível: a valorização do local, do fazer Brasiliense.
As galerias de arte a céu aberto, a gastronomia na rua, o uso do espaço público para o lazer, adquirir objetos artísticos e decorativos, o alimento plantado pela nossa agricultura familiar e de pequenos produtores, as performances e shows de artistas daqui.

